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Backtest no Trading – Um guia de como fazer o backtest de uma estratégia de trading

Operar sem um backtest adequado é como apostar no cassino. Você pode ganhar algumas vezes, mas sofrerá perdas significativas no longo prazo. Isso porque, antes de arriscar seu capital, é fundamental que você ajuste sua estratégia de trading. Ela precisa apresentar um desempenho relativamente estável em vários cenários diferentes do mercado. Este guia mostrará como fazer o backtest de uma estratégia de trading, qual método de backtest funciona melhor, como avaliar os resultados dos seus testes e, mais importante, como saber que você está pronto para operar no mundo real com confiança.

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O que é backtest?

Backtest é um método de análise do desempenho da sua estratégia de trading atual durante um período no passado. Fazer o backtest de uma estratégia de trading permite que você avalie seu comportamento em cenários de mercado que já ocorreram para determinar onde ela se destaca e onde ela possui problemas. É uma ferramenta crucial para ajudá-lo a validar um modelo de trading usando dados históricos.

Um exemplo de backtest é se você voltasse no tempo para verificar o desempenho da sua estratégia de trading durante o pico da crise financeira global ou no início da pandemia da COVID.

O backtest ajuda a gerar resultados e avaliar os riscos e a lucratividade sem arriscar seu capital. Você pode comparar essa prática com um colete salva-vidas: é possível sentir a água, mas sem correr o risco de se afogar.

O backtest está para os traders assim como o treinamento está para atletas profissionais. Eles passam horas aprimorando sua técnica antes de competirem com outros atletas. Dessa forma, eles melhoram e reforçam sua confiança com base em inúmeros testes, dados e análises.

Backtesting a Trading Strategy - Learn How it Works

O básico

Há diversos softwares diferentes que podemos usar para fazer o backtest. As opções incluem o Microsoft Excel, plataformas prontas, ou você ainda pode desenvolver uma do zero. As maiores empresas de algoritmos de trading desenvolvem seus softwares de backtest em diferentes linguagens de programação, incluindo C++, C#, Python ou R – esta última pode ser usada para projetos de menor complexidade.

Para executar um backtest adequado, você precisa de dados históricos. O programa recebe as especificações da sua estratégia e as aplica ao longo de um determinado período no passado para lhe mostrar como ela teria se comportado naquele momento.

Com base nos resultados do backtest, o trader ou o analista poderão decidir se a estratégia precisa de ajustes ou se está boa o bastante para ser aplicada do jeito que está.

A ideia do backtest se baseia na teoria de que mercados financeiros seguem ciclos. Se algo foi viável no passado, muitos consideram que continuará sendo relevante no futuro. O inverso também é válido: se algo falhou no passado, então provavelmente não terá sucesso no futuro.

Por que você precisa fazer o backtest da sua estratégia de trading?

Os dois principais pilares para construir uma estratégia de trading ou investimento são risco e retorno e a relação entre os dois. O backtest ajuda a quantificar esses dois fatores para mostrar a lucratividade geral da sua estratégia e seu apetite ao risco.

Você deve fazer o backtest da sua estratégia de trading para estar ciente do seu desempenho em cenários de mercado reais. O backtest permite que você simule sua ideia de trading usando dados históricos e coloque à prova seus mecanismos de gestão de risco.

Fazer o backtest de uma estratégia de trading pode ajudá-lo a encontrar seus pontos fracos, testar sua resiliência e destacar onde você precisa ajustá-la sem correr riscos. Ao fazer tudo isso em um ambiente simulado, é possível resolver todos os problemas, fortalecer suas ferramentas de gestão de risco e obter a confiança de que sua estratégia de trading é sólida o bastante. Isso garantirá um desempenho mais satisfatório quando a estratégia for implementada em cenários reais.

O que o backtest mostra?

Basicamente, o backtest lhe dá respostas a algumas perguntas cruciais, como:

  • Qual é o melhor setup de trading para suas necessidades e metas?
  • Qual é o menor risco possível por operação?
  • Em quais mercados essa estratégia funciona melhor?
  • Seus gatilhos de entrada e saída estão bem ajustados?

Outra razão fundamental pela qual você deveria fazer o backtest da sua estratégia de trading é que os mercados atuais são conduzidos por dados. Dados históricos, indicadores, modelos de análise preditiva – tudo isso pode ajudá-lo a construir uma estratégia de trading sólida. Sem incorporar dados de mercado reais, é simplesmente impossível obter uma indicação precisa do desempenho futuro da sua estratégia de trading e determinar se ela é viável sob as condições de mercado atuais.

Ao fazer o backtest da sua estratégia de trading, você descobrirá como ela teria se comportado no passado. Se seu desempenho foi ruim, as chances de que ela seja bem-sucedida no futuro são mínimas e vice-versa.

Fazer o backtest de uma estratégia de trading pode lhe dar uma vantagem competitiva. Ela lhe fornece uma visão prática do que você pode esperar ao operar de verdade e competir com outros traders.

O que você precisa fazer antes do backtest?

O mais importante é encontrar dados imparciais para não interferir no desempenho do seu modelo. Ao usar dados enviesados, é inevitável que os resultados do teste sejam afetados.

Embora seja impossível evitar qualquer tipo de viés, você deve minimizar o máximo possível seus efeitos para obter resultados transparentes e confiáveis. Há diversos tipos de vieses que podem afetar seus dados e, consequentemente, o desempenho do seu modelo.

Viés da otimização

Em primeiro lugar, o viés da otimização – ou ajuste da curva – descreve situações em que os traders adicionam parâmetros e operam até que o desempenho da sua estratégia atenda às suas expectativas. Basicamente, isso significa “cobrir as rachaduras” do sistema e inflar artificialmente os resultados. No entanto, essa prática servirá apenas para enganá-lo, pois resultará em um desempenho inesperadamente ruim quando você estiver operando de verdade.

Viés dos dados futuros

Também há o viés dos dados futuros, em que você acidentalmente inclui datas futuras na simulação. Esse erro pode acontecer por conta de um cálculo inadequado dos parâmetros, um problema técnico – principalmente ao desenvolver um script de backtest do zero –, entre outras situações. Para evitar isso, sempre confira seus dados e sua metodologia de backtest antes de operar. Caso contrário, a estratégia pode ter um desempenho ruim durante o trading real.

Outros vieses

Entre os diferentes tipos de vieses, também podemos citar o viés da sobrevivência. Esse viés se desenvolve ao fazer um backtest com base em um conjunto de dados que não representa toda a gama de ativos que você pretende operar. Também há o viés da tolerância, que ocorre ao fazer o backtest com base em períodos mais longos para melhorar o desempenho, quando, na verdade, você planeja operar durante períodos mais curtos.

Após garantir que seus dados e sua metodologia de backtest são imparciais – ou o quanto for possível –, é hora de focar no software de backtest. Se estiver operando por meio de uma corretora, é provável que ela ofereça um recurso de backtest em sua plataforma. Nesse caso, a vantagem é que você usará uma solução testada, fácil de usar e que realmente funciona. Isso também o ajudará com um problema crucial, mas que muitos traders subestimam: incorporar os custos de trading ao modelo de backtest. Mesmo que sejam insignificantes, com o acúmulo desses custos no longo prazo, é inevitável que eles afetem a lucratividade da sua estratégia.

Também há plataformas de backtest prontas que você pode obter por meio de uma assinatura. No entanto, lembre-se de que o backtest é um processo contínuo. Você deve fazer o backtest da sua estratégia de tempos em tempos ou quando quiser ampliar seu portfólio, operar ativos alternativos, etc. Isso significa que você deve reservar um valor específico para pegar pela assinatura do seu software de backtest.

Para quem possui as habilidades técnicas necessárias, é possível escrever um script de backtest do zero usando R, Python ou até mesmo o Excel. Você também pode contratar um programador para transformar sua estratégia em código.

Após encontrar o software de backtest perfeito, é hora de arregaçar as mangas e começar a trabalhar.

Escolhendo uma estratégia para testar

Não há restrições quanto às estratégias que serão testadas. A maioria dos traders possui diversas estratégias de trading, de acordo com a situação do mercado (alta/baixa), o tipo de ativo, o potencial de risco/lucro, entre outro fatores. Portanto, você deve testar todas as suas estratégias e avaliar o desempenho de cada uma delas.

É preciso fazer o backtest da sua estratégia antes de aplicá-la no mundo real. Se, por exemplo, uma estratégia de trading apresentou um desempenho excelente durante o mercado de baixa no primeiro trimestre do ano passado, ela pode ter problemas no mercado de alta atual. A ideia aqui é contextualizar as informações.

Além disso, também é essencial fazer o backtest dos modelos de trading de acordo com as condições de mercado. Embora o mercado nunca se mova exatamente da mesma maneira, na maioria dos casos os ativos apresentam padrões parecidos com aqueles já vistos anteriormente.

Quanto mais cenários forem testados, mais representativos e confiáveis serão os resultados do seu backtest.

Escolhendo um ativo para testar

O ideal é fazer o backtest da sua estratégia com base em dados do mesmo instrumento que você pretende operar com dinheiro real. Por exemplo, se você planeja aplicar seu método para operar futuros de soja (ZS), baixe os dados históricos da CME ou outra prestadora de serviços financeiros e execute seu modelo com base neles.

Dessa forma, você terá a garantia de que os resultados estão considerando apenas fatores específicos do ativo. Fatores como sazonalidade, volatilidade, oferta e demanda, riscos externos – como condições climáticas extremas na maior região produtora de soja –, entre outros.

Se não for possível fazer o backtest da sua estratégia com o mesmo ativo que você pretende operar – por não conseguir obter os dados históricos desse ativo, por exemplo –, será preciso encontrar ativos razoavelmente parecidos para reproduzir com precisão o comportamento do ativo original. Nesse caso, você pode precisar fazer pequenos ajustes no seu modelo de backtest para garantir a viabilidade dos resultados.

Se pretende operar um conjunto de ações, você deve coletar uma amostra representativa. Os dados devem incluir até mesmo ações de empresas que faliram ao longo daquele período específico. Não desconsidere esses dados, pois você pode acabar prejudicando o desempenho da sua estratégia. Por exemplo, se você selecionar as ações de acordo com as empresas que estão ativas hoje, seu backtest apresentará retornos artificialmente elevados.

Como fazer o backtest de uma estratégia de trading

Os princípios do backtest de estratégias de trading são basicamente os mesmos, não importa a plataforma utilizada.

Passo 1

Como primeiro passo, você deve alimentar o algoritmo de backtest com dados históricos cuidadosamente obtidos. Ao testar uma estratégia de trading usando dados históricos, você precisa especificar um período concreto para seu conjunto de dados – como o preço das ações da AAPL entre 2020 e 2021. Em seguida, você deve especificar outro conjunto de dados em um período alternativo; isso permite validar seu nível de confiança e minimizar o efeito da “aleatoriedade” em todo o processo.

Passo 2

Em seguida, você deve definir alguns parâmetros, dependendo do quão complicado for seu modelo de backtest. Esses parâmetros podem incluir capital inicial, capital em risco (%), tamanho do portfólio, taxas de comissões, spread bid-ask médio e, mais importante, um índice de referência – geralmente o S&P 500.

Você também deve definir os parâmetros específicos da sua estratégia de trading, incluindo instruções de stop loss e trailing stop, nível de take profit ao fechar uma posição, tipos de posições preferidas, etc.

Passo 3

Por fim, você executa o backtest com seus conjuntos de dados de teste. Todas as informações mencionadas acima serão usadas para simular operações ao longo de um dado período.

Após concluir o backtest, você deve executar novamente o processo – pelo menos algumas vezes – utilizando outro conjunto de dados. Isso ajudará a garantir que você retirou o máximo possível de vieses da estratégia e minimizou o fator “aleatoriedade”.

A maioria dos softwares de backtest também oferece recursos de otimização automatizada das estratégias. Com esse recurso, o computador consegue descobrir com quais entradas – ou combinação de informações – sua estratégia funcionaria melhor. O ideal é que esse recurso também forneça algumas ideias de como refinar seu modelo.

Métodos de backtest

Os métodos de backtest mais populares são desenvolvidos com base no método “Value at Risk”. O VaR revela a perda máxima esperada para um dado período de análise e um dado conjunto de dados e calcula a chance de que essa perda ocorra.

Sabendo o Value at Risk dos seus portfólios, os gestores de investimentos ou traders podem se preparar melhor para os piores casos possíveis.

Podemos examinar o Value at Risk por meio de diversos métodos diferentes, incluindo a simulação de Monte Carlo e o método paramétrico.

O que une todos os métodos de backtest são suas conclusões. Elas mostram os pontos fracos e os pontos fortes da sua estratégia, permitindo que você faça os ajustes adequados e a otimize para garantir um nível mínimo de risco em relação ao retorno esperado.

Como avaliar os resultados?

Após concluir o backtest, você deverá interpretar os resultados para ver como foi o desempenho da sua estratégia ao longo do período observado.

É importante mencionar que não há uma fórmula ou regra perfeita para definir se a sua estratégia de trading é boa ou ruim. É preciso considerar o contexto necessário para cada análise realizada. Parte desse contexto inclui quais outros ativos estão no seu portfólio, o ambiente de mercado e as características específicas da estratégia. Algumas estratégias, por exemplo, são naturalmente mais arriscadas e, consequentemente, são capazes de obter lucros maiores. Já outras são mais conservadores, portanto gerarão ganhos menores para o seu portfólio após o backtest.

A melhor forma de avaliar os resultados da sua estratégia é definindo seu apetite ao risco e sua meta de lucro. Após executar o backtest, confira se os resultados gerados pela sua estratégia estão de acordo com suas metas. Além disso, lembre-se de adicionar um índice de referência, como o S&P 500. Os resultados do backtest mostrarão como a sua estratégia se sai no mercado.

Sua metodologia de backtest gerará resultados para diferentes medidas, incluindo ganhos e perdas, o retorno do total do portfólio ao longo de um dado período, o retorno ajustado ao risco, a exposição ao mercado, o nível de volatilidade e muitos outros.

Ao final do processo, o software quantificará os resultados do backtest para cada uma das medidas. Dependendo do software utilizado, você também poderá gerar gráficos e visualizar os resultados do backtest.

Quais são as métricas de sucesso?

Não cometa o erro de escolher sua estratégia com base apenas em seus retornos. Embora a lucratividade seja um fator essencial, quando tirada de contexto ela não fornece informações úteis – pelo contrário. A lucratividade pode enganá-lo e fazer com que você adote uma estratégia de altíssimo risco.

Para não cair nessa armadilha, analise os retornos em relação ao risco adotado. Em geral, as melhores estratégias geram retornos satisfatórios sem uma exposição significativa ao risco. Uma maneira de medir isso é usando o Índice de Sharpe.

Além disso, você deve monitorar a volatilidade. Se, após o backtest, você observar que seu portfólio possui períodos de alta volatilidade, então saiba que, se isso ocorrer no mundo real, você corre o risco de disparar suas ordens de stop loss e take profit. Por essa razão, é fundamental aguardar e ajustar suas ordens de acordo com a volatilidade do seu portfólio.

Outro fator que ajudará a definir seu sucesso é a correlação entre os constituintes do portfólio. Se houver uma forte correlação entre os ativos, isso significa que seu portfólio não será resiliente o bastante para suportar choques e riscos específicos do setor. Além disso, isso indica que ele possui um baixo nível de diversificação e um hedge inadequado, o que o torna mais vulnerável a situações adversas e perigos do mercado.

Considerações finais

Uma década atrás, o processo de backtest era algo exclusivo para os grandes tubarões do mercado, como hedge funds, bancos de investimento, empresas de trading de alta frequência, etc. Hoje em dia, graças à tecnologia, o backtest está disponível até mesmo para traders comuns e investidores de pequeno porte. O backtest deixou de ser um luxo e se tornou uma verdadeira necessidade se você quiser obter sucesso ao navegar nos mercados financeiros.

Operar sem um backtest adequado significa, na melhor das hipóteses, se basear em suposições bem fundamentadas. Sem uma análise inicial e uma estimativa de risco precisas, você entrará no mundo do trading despreparado, vulnerável e exposto não apenas às condições do mercado, mas também aos outros traders. Lembre-se de que a maioria dos traders atuais fazem backtests. Portanto, se não quiser perder espaço e ficar em desvantagem no mercado, sempre faça o seu dever de casa.