Tudo tem um limite, até mesmo a Tesla. As ações da empresa experimentaram um crescimento explosivo nos primeiros dias de fevereiro de 2020, subindo de 10 a 20% por dia. Para uma empresa do seu tamanho, isso pode significar entre 10 a 15 milhões de dólares extras. Em 4 de fevereiro, o valor da empresa ultrapassava 150 bilhões de dólares.
O jargão típico do mercado de ações usado para descrever esse fenômeno é “panic buying”. Algo que também poderia ser chamado de “short covering”. As duas frases não são sinônimos, mas sim dois processos diferentes que podem acontecer simultaneamente. Ou, pode ser uma combinação de ambos que está causando um aumento nos preços da Tesla, mas, ao mesmo tempo, também é um sinal do que está por vir.
O “panic buying” (ou “compras em pânico”) refere-se a quando os investidores evitam uma ação por precaução, mas quando seus preços começam a subir repentinamente, eles correm para comprá-la por medo de perder. A natureza impulsiva dessas compras significa que normalmente elas são compradas a preço de mercado assim que as bolsas são abertas. Eles costumam fazer isso sem examinar a carteira de pedidos e se há pedidos de venda suficientes para satisfazer o aumento repentino de ordens de compra. As ordens de compra no mercado são preenchidas com o primeiro preço disponível, de modo que tendem a absorver todos os pedidos de venda.
É aqui que a o “short covering” (ou, “cobertura curta”) entra em jogo. Aumentos repentinos de preços em ações com fundamentos tão questionáveis quanto estes também são muitas vezes oportunidades promissoras para os traders de curto prazo. Isso permite que os “compradores em pânico” comprem suas posições não apenas de detentores anteriores que saem de suas posições, mas também de especuladores que estão tentando construir uma posição de venda de curto prazo. O risco aqui é que, quando o número de “compradores em pânico” não diminui, os preços continuarão subindo ao ponto em que os traders de curto prazo não poderão mais pagar. Quando chega ao ponto em que os traders de curto prazo precisam reduzir seus prejuízos e sair da posição, eles o fazem comprando o ativo. Isso geralmente é feito na forma de uma stop order que é acionada a um preço específico, e a este pontos elas se transformam em ordens de mercado. O resultado é que isso produz a mesma superabundância de pedidos de compra que resultou dos “compradores em pânico”.
Nesse estágio, os preços das ações começam a ignorar o desempenho atual ou potencial da empresa e tornam-se completamente distintos da realidade. Essa teoria foi apoiada pelo S3 Analytics em 4 de fevereiro. De acordo com os resultados, é possível que os traders de curto prazo tenham perdido US$2,5 bilhões durante a alta de 20% naquele dia. Perder uma quantidade tão grande de dinheiro requer um número igualmente grande de traders a de curto prazo, o suficiente para afetar a direção em que o mercado está indo.
O gráfico acima ilustra a rapidez com que os preços subiram enquanto a liquidez da ação secou completamente. É importante observar as lacunas entre as últimas candlesticks porque indicam que o preço de abertura foi significativamente maior do que o preço de fechamento. Isso significa que as pessoas estavam tentando ser as primeiras da fila e colocar suas posições antes mesmo da abertura do mercado. Esse padrão indica que o preço da ação pode estar se consolidando. Se for esse o caso, as preocupações em torno da empresa podem levar ao declínio do número de posições estratégicas de compra, deixando os traders que não perderam os primeiros movimentos de alta dos preços com um bom lucro. Aqueles que obtiveram suas posições com antecedência suficiente agora podem vender suas ações com um lucro de 200%, sabendo que o aumento do preço não é sustentável. À medida que a tendência se inverte e os preços começam a cair, os vendedores a descoberto provavelmente farão um esforço para recuperar o capital perdido. Nessas condições, o preço pode cair de volta para a faixa de US$500 a US$600, possivelmente fazendo com que o preço atual aumente o estágio final da tendência ascendente em andamento.
